Em Sergipe se brinca o melhor São João do Brasil. Não é bairrismo, é conhecimento de causa. Quando os ponteiros do relógio se cruzam marcando zero hora do dia primeiro de junho, Sergipe se transforma no maior arraial brasileiro. O Estado se divide em seis pontos estratégicos, sediados em Aracaju, Estância, Cristinápolis, Nossa Senhora do Socorro, Muribeca e Capela, que o fazem ser o caminho, nesta temporada do ano, para se brincar, numa contagiante alegria, os festejos juninos.
Todo Sergipe se prepara. As cidades são enfeitadas com bandeirolas multicoloridas. Na disputa pela melhor temporada junina, Sergipe faz bonito e se transforma no país do forró. Há muita mais. As apresentações inesquecíveis das belíssimas quadrilhas juninas e de grupos do rico folclore sergipano.
Em Aracaju e no interior shows e bailes caipiras animam os sergipanos e os turistas que estão visitando o estado nesta época. Em Estância, a 68 quilômetros de Aracaju, os fogueteiros estão em ritmo alucinante, preparando a pólvora para a fabricação de toneladas de fogos de artifício, como os barcos de fogo, as espadas e os busca-pés usados nas muitas batalhas travadas.
O roteiro das festas começa em Aracaju. Na Rua São João, zona norte da cidade, os moradores se encarregam de toda a organização da festa, que começa a zero hora do dia primeiro de junho, com uma queima de fogos de artifício e colocação de um mastro. Há concurso de animadas quadrilhas juninas e casamento do caipira. As ruas, em Aracaju, são clareadas pelas fogueiras, que queimam nas noites de véspera e dia de Santo Antônio, São João e São Pedro, os três santos homenageados no mês.
Em Estância, a 68 quilômetros de Aracaju, o mais belo espetáculo pirotécnico do Brasil, quando um barco, impulsionado por foguetes, fabricados à base de pólvora, é acionado para o delírio dos que assistem ao show. O barco desliza elegantemente por um fio metálico, com extensão média de 50 metros. Ao final, as pessoas se divertem numa ousada batalha de busca-pés. Conta-se, em Estância, que anualmente os fogueteiros, os melhores de Sergipe, preparam cinco mil quilos de pólvora para a fabricação dos fogos. Cantos e danças folclóricas animam o ritual da preparação da pólvora, numa festa que não faltam licores de jenipapo, pitanga e tangerina e comidas regionais.
Bem próxima a Estância, na divisa com à Bahia, Cristinápolis, a 115 quilômetros de Aracaju, é outro ponto estratégico dos festejos juninos em Sergipe marcado pela queima de fogos de artifício. Lá não é um centro de produção dos artefatos juninos, mas o povo se diverte, e muito, com as batalhas de busca-pés, que, quando lançados dão variadas voltas no ar, num belíssimo e inesquecível espetáculo pirotécnico. A viagem junina em Sergipe reserva, ainda no São João, outra parada obrigatória: Areia Branca.
É preciso bastante fôlego para cumprir todo o roteiro dos festejos juninos em Sergipe. Do São João vamos para o São Pedro, brincado de modos diferentes em Capela e Muribeca, respectivamente distantes 67 e 72 quilômetros da capital. Em Capela, bem ao estilo de Estância, a festa tem queima de fogos de artifício, como a batalha de busca-pés. Tradicionalmente, na manhã do dia 28 de junho, homens, mulheres e crianças alegremente se dirigem para uma mata nas redondezas da cidade.
Uma árvore, previamente marcada, é arrancada. As pessoas voltam para a cidade cantando alegres músicas regionais e folclóricas e fincam a árvore, adornada de prêmios. No dia 29, dia de São Pedro, uma multidão se concentra diante do mastro, onde é acesa uma enorme fogueira. Quando o mastro cai, as pessoas avançam para pegar os prêmios, em meio a uma gigantesca batalha de busca-pés. Gritos de vitória dos guerreiros são ouvidos, e que se misturam ao som das melodias folclóricas.
A culinária junina de Sergipe é de ar água na boca. Tudo à base do milho e do arroz. É a pamonha, a canjica, o cuscuz, o arroz doce, o mingau, os bolinhos, a macaxeira, a carne do sol, a carne ensopada – carnes de boi e de porco misturadas, o leite – de cabra e de vaca. Para os que gostam de um delicioso aperitivo, os licores da temporada são, contam as lendas, de efeito afrodisíaco. E eles são de tangerina, jenipapo, café, limão, pitanga e de tamarindo.
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