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Quadrilha Junina nos anos 80 |
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Casamento Matuto nos anos 80 |
No início dos anos 80, permanecia em voga apresentar as
danças populares após a Quadrilha Tradicional Roceira. Esta começava a dar seus
primeiros passos para acrescentar sensíveis novidades nesta década, Assim
sendo, trazia traços um pouco mais diferenciados e, por este pequeno ousar
foram reconhecidos como modernos, e deste modo o repertório dos passos
existentes foram dando espaço às frases de novos vocabulários de movimentos.
Os grupos de quadrilhas motivados a dançar distintos
gêneros de danças começaram a incluir de três a quatro danças populares no repertório
de suas apresentações, tais como o Xote4, a Dança Afro5, o Forró6, o Carimbó7 e
a Macumba8, por se encontrarem entusiasmados com os novos vocabulários de movimentos
que aprendiam, a ponto de deixarem de se dedicar mais à quadrilha. Envolvidos
com o processo de inovar, na década de 80, continuavam a reelaborar os
movimentos, a partir dos passos básicos concebidos nas suas montagens
coreográficas.
O laboratório de pesquisa coreográfica resultava da
seguinte maneira: nas duas primeiras danças, que poderia ser o xote ou o
carimbó, eram conservados um ou dois passos básicos, depois adaptavam,
atualizavam e introduziam outros movimentos, modificando as coreografas de
ambas. O forró era uma coreografa livre, porque a música era um importante motivador
para a criação. Nas duas últimas danças, não havia coreografia construída,
dançava-se o repertório de gestos e movimentos sem marcação pré-concebida. Alguns
entrevistados, entre eles Itamar de Oliveira9 e Valter Viegas10, citaram a
Macumba como uma das danças apresentadas pelos quadrilheiros no começo dos anos
80, embora não lembrassem como havia surgido. Contudo, ao ser comentado este
assunto em uma palestra, na Fundação Municipal de Belém – FUMBEL, em maio de
2004, o senhor54 ENSAIO GERAL, Belém, v3, n.5, jan-jul|2011 Edivaldo Magno11 explicou
que a dança da Macumba foi estabelecida no repertório de danças dos grupos de
quadrilhas pelo Pai Reginaldo Lopes.
Este promoveu um conhecido concurso de quadrilha no
bairro do Jurunas, pois achou conveniente divulgar a dança de seu culto
religioso por meio dos quadrilheiros. Para isso, incluiu no regulamento a
presença desta dança. A partir deste momento, todos que participavam do
concurso passaram a inserir nas suas quadrilhas a dança da Macumba. Os quadrilheiros
se disponibilizavam a participar de concursos, independentemente das regras a
que estavam submetidos. Os limites rompiam-se para manifestarem o desejo de
dançar.
As outras danças populares tornaram-se tão importantes,
que, por razões desconhecidas, foram transferidas para a quadrilha, remetendo nos,
mais uma vez, à Suíte de danças, no período do século XIX, na Europa. Era moda
iniciar com a quadrilha uma sequência de danças de salão e finalizar com a
mesma. Por coincidência ou não, o modelo da Suíte retornava por outros interesses,
os quais correspondiam às necessidades dos jovens, os mais assíduos
participantes da quadrilha. O novo modelo de Suíte era considerado como um tipo
de Quadrilha Moderna, cuja novidade da estrutura inseria três ou quatro danças.
É para esta nova estrutura e concepção de Quadrilha Moderna, dos anos 80 que
evidenciamos peculiaridades distintas da Quadrilha Tradicional Roceira.
O novo tipo de apresentação de Quadrilha Moderna ocorria
da seguinte maneira: o grupo entrava, posicionava-se e iniciava a quadrilha,
após uns cinco minutos paravam, rapidamente tomavam uma outra posição do corpo
no espaço para a próxima dança, e desta maneira exibiam suas danças, por último,
retornavam à quadrilha para despedirem-se e saírem do palco. Esta modalidade de
quadrilha era frequente nos concursos promovidos nos bairros. Essa quadrilha, a
partir de 1980, apresentava uma reformulação na estrutura, no desenho coreográfico
e na performance dos dançarinos, que apontava a necessidade de um espaço físico
específico para a apresentação. Em decorrência disto, os organizadores de concursos
montavam palcos mais amplos, delimitavam o espaço e distanciavam o público para
que este pudesse apreciar tranquilamente as quadrilhas.
As mudanças que ocorriam na organização de apresentação
da quadrilha junina, com locais construídos para as apresentações, com datas e
horários determinados, tornavam-na um espetáculo popular, produzido e apoiado
pelas comunidades dos bairros. Deste modo, essa dança popular perdia a
singularidade das danças espetaculares, vistas nos anos 60, quando a interação
dos brincantes com as pessoas que assistiam era mais próxima, levando-os a
participarem improvisadamente sem a preocupação de alinhamento, de movimentos
amplos e executados com perfeição.
O tempo de apresentação não era determinado e
dançava-ENSAIO GERAL, Belém, v3, n.5, jan-jul|2011 55 se em um espaço
improvisado por quem assistia.
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